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Juro básico cai 1 ponto e fica em 10,25% ao ano
Corte de 1 ponto leva a Selic a 10,25%, menor patamar desde a criação do Copom, em 96; em março, queda foi de 1,5 ponto
NEY HAYASHI DA CRUZ
O Banco Central  anunciou o corte de um ponto percentual na taxa Selic, para 10,25% ao ano. A  decisão foi tomada por unanimidade. É o nível mais baixo já registrado desde a  criação do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), em 1996. 
Antes do  anúncio, o presidente do BC, Henrique Meirelles, disse ao presidente Lula que  não seria possível manter o ritmo de queda de março (recuo de 1,5  ponto).
A taxa é só referência. Na prática, os juros da economia são bem  maiores. 
O Banco Central anunciou ontem um corte de um  ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, que a partir de hoje será  fixada em 10,25% ao ano. Trata-se da taxa mais baixa já registrada desde a  criação do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), em 1996.
Horas antes  da decisão, no final da manhã, o presidente do Banco Central, Henrique  Meirelles, teve uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na qual  informou que não seria possível manter o ritmo de queda da reunião anterior,  quando a taxa caiu 1,5 ponto.
Segundo a Folha apurou,  Meirelles disse que a economia já dá sinais de recuperação e que é preciso  cuidado na redução dos juros para tentar evitar a necessidade de ter que subir a  taxa no próximo ano.
A decisão de ontem representou uma mudança nos rumos  traçados nos outros dois encontros do Copom realizados neste ano, quando, diante  de um quadro surpreendentemente recessivo no Brasil, a redução nos juros se  acelerou.
Em janeiro, quando o mercado financeiro apostava num corte de 0,75  ponto, o BC surpreendeu e baixou a Selic em 1 ponto. Em março, a queda foi  ampliada para 1,5 ponto.
Agora, a percepção de que a pior fase da crise pode  ter ficado para trás influenciou o Copom, que optou por abandonar os cortes mais  agressivos.
Em nota divulgada após a reunião de ontem, o BC não apresentou  maiores justificativas para a decisão. "Avaliando o cenário macroeconômico e  visando ampliar o processo de distensão monetária, o Copom decidiu reduzir a  taxa Selic para 10,25% ao ano, sem viés, por unanimidade", diz o  texto.
"Viés" é o nome dado ao instrumento que permitiria ao BC reduzir os  juros antes mesmo da próxima reunião do Copom, marcada para junho.
Com a  queda anunciada ontem, o processo de redução da Selic se aproxima do fim. No  mercado financeiro, a expectativa é que os juros não caiam para menos de 9,25%  ao ano, sendo que a dúvida está no cronograma dessa redução: o Copom poderia  optar por um corte de 0,75 ponto percentual no próximo encontro e outro de 0,25  ponto na reunião seguinte, em julho, ou promover uma redução única de um ponto  percentual em junho.
Desde o início da fase mais aguda da crise, em setembro  do ano passado, o BC reduziu os juros em 3,5 pontos percentuais. Mas a queda só  teve início em janeiro, quando já se acumulavam muitos sinais de que a economia  brasileira estava sofrendo uma forte retração, puxada principalmente pela queda  na produção industrial.
Agora, a avaliação é outra. Para o BC, há sinais de  que a economia já conseguiu sair do fundo do poço em que se encontrava entre o  final de 2008 e o início de 2009. Embora reconheçam que a recuperação ainda é  tímida, diretores da instituição têm dito que as projeções do setor privado para  o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano estão excessivamente pessimistas e o  resultado deve ser melhor do que se espera.
Esse raciocínio é reforçado pelo  argumento de que os cortes na Selic ocorridos nos últimos meses ainda não  fizeram todo o efeito que se espera sobre o nível de atividade -economistas  estimam que uma mudança nos juros pode levar mais de um ano para ter impacto por  completo sobre a economia. Por isso, cortes mais agressivos não seriam tão  urgentes quanto eram até pouco tempo atrás.  
Poupança
Além disso, desde o mês passado o BC tem  dito que a continuidade do processo de queda dos juros também depende de  mudanças no cálculo do rendimento da poupança. Isso porque, com a queda da  Selic, os fundos de renda fixa passam a ter uma rentabilidade menor -dependendo  do caso, abaixo até da caderneta, cuja remuneração de 0,5% ao mês é  fixa.
Como os fundos ainda estão sujeitos a taxas de administração e à  cobrança de Imposto de Renda, eles acabam perdendo espaço para a poupança em  cenários como o atual. O BC defende que a remuneração fixa da caderneta seja  revista, pois isso facilitaria a queda da Selic para níveis mais baixos.
Mas,  embora o próprio presidente Lula já tenha dito que o governo estuda mudanças no  rendimento da poupança, nenhuma decisão foi tomada até agora, o que pode  atrapalhar a queda dos juros.
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