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Dívidas com cartão de crédito batem recorde
Brasileiro tem R$ 26,5 bilhões em dívidas acumuladas no cartão e inadimplência chega a 28,3%, segundo BC.
Os brasileiros nunca deveram tanto no cartão de crédito. Dados do Banco Central (BC) mostram que o uso do crédito rotativo, parcelamento com juros e saque somou R$ 14,56 bilhões em julho, um recorde. As dívidas acumuladas também bateram recorde: R$ 26,49 bilhões é o saldo acumulado no dia 31 de julho, segundo dados mais recentes do BC.
Apesar de o juro do dinheiro de plástico - atualmente em 237,9% ao ano -  ser mais alto até que o do cheque especial, a participação dessa modalidade nos  empréstimos só cresce. Hoje, a cada R$ 4,00 tomados emprestados pelas pessoas  físicas, R$ 1,00 é no cartão. A inadimplência nas operações com cartões também é  maior que nas outras operações de crédito. Segundo os dados do BC, em julho  28,3% das transações tinham atraso superior a 90 dias (leia  abaixo).
Especialistas afirmam que o aumento do consumo e o já elevado  nível de endividamento nos financiamentos mais baratos explicam a busca pelo  caro empréstimo do cartão. Entre os principais empréstimos oferecidos às pessoas  físicas, a linha mais cara é, curiosamente, a que ganhou mais clientes em julho.  Enquanto o volume de novas operações no crédito pessoal cedeu 0,16% e o cheque  especial caiu 1,02%, as novas concessões nos cartões saltaram 15,4% em julho  ante junho. 
Com esse ritmo acelerado do uso do crédito rotativo e  parcelamento com juros, o consumidor brasileiro chegou em 31 de julho devendo R$  26,49 bilhões às administradoras de cartão. Essa dívida é 580% maior que o total  de financiamentos para a compra da casa própria e 54% maior que o uso do cheque  especial. "Os dados mostram que as pessoas estão um pouco mais audaciosas nos  seus padrões de consumo e, com a melhora do mercado de trabalho e da renda,  passam a ter confiança para tomar novos empréstimos", diz o professor de  finanças do Insper e sócio da Integral Trust, Carlos Fagundes. 
Reforçam  essa avaliação a recente evolução positiva do mercado de trabalho e vendas no  varejo. "As famílias estão mais propensas a comprar. O nível de confiança do  consumidor já voltou ao patamar pré-crise. E, no varejo, o cartão de crédito é  muito usado", completa a analista da Tendências Consultoria, Mariana  Oliveira.
Apesar de esse aumento da demanda pelo crédito para consumo ser  avaliado como um aspecto positivo por mostrar reação da atividade econômica,  analistas lembram que a opção pelo caro cartão de crédito em detrimento de  outras alternativas mais baratas, como o crédito pessoal ou consignado, pode ser  preocupante. 
"Na crise, houve aperto da oferta de crédito para as  pessoas físicas. Podemos estar diante de um problema de fechamento de conta e os  consumidores, que não têm dinheiro para pagar as contas do mês, são obrigados a  usar o dinheiro mais caro", diz Fagundes. 
O problema é que muitas  famílias que tomaram crédito mais barato no pior período da crise podem estar  com dificuldades para pagar os compromissos atuais. Nesses casos, alguns optam,  por exemplo, por pagar apenas o valor mínimo do extrato do cartão de crédito. A  situação preocupa porque os juros do cartão são os mais altos, o que pode  transformar um problema pontual em uma bola de neve, se não houver reorganização  do orçamento. 
Pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças  mostra que, apesar da queda da taxa Selic entre janeiro e julho, a taxa média  cobrada no cartão de crédito subiu em fevereiro e, desde então, segue inalterada  em 237,9% ao ano.
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